quarta-feira, 10 de março de 2010

quem ou quê serei eu?
dizem que eu não serei aquele ser negro que é pintado em palavras
que afinal não sou tão sombrio, só, afastado como é demonstrado
se tão sombrio fosse talvez não tivesse amigos de tantos anos que ao meu lado estão há tempos que já foi perdida a conta...
se calhar não brincariam comigo como brincam, se calhar quem há pouco me conhece não brincaria comigo como brinca, não se deixaria levar pela brincadeira, pela alegria que por vezes eu permito que seja vista...
tanto tempo a ser ou a não ser, a tentar mostrar ou iludir, sendo aquilo que não sei se serei realmente ou se é só uma mascara, leva-me a muitas vezes estar perdido sem na realidade saber, olhando o espelho sem reconhecer...
apenas quero que vejam mas tenho medo de mostrar, apenas quero que me ouçam mas tenho medo de falar, apenas quero que ajudem mas tenho orgulho demais para pedir...
o mais simples dos actos transforma-se numa dificuldade tremenda... o simples facto de surgir no olhar mais uma razão para sorrir e não saber falar ou já não ter paciência para sorrir pode destruir o que se calhar o futuro de bom podia trazer...
tais erros já me trouxeram sofrimentos, já me afundaram, já me fizeram ser realmente sombrio...
já passei a necessidade de ver o sangue a escorrer, de sentir a dor para esquecer, certas marcas são difíceis de apagar, mas podemos tentar esconder e voltar a viver...
abrir os olhos... preciso de abrir os olhos e verificar que existe mais dia do que noite...
tentei, tento, tentarei... irá sempre existir palavras, actos e acções que nos irão mandar abaixo... mas é preciso saber voltar a levantar o rosto do chão...
já não somos crianças medrosas, com receio da própria sombra, crescemos e aprendemos...

mas porquê tanta dificuldade, tanto receio em mostrar o que realmente somos...
...e no final, afinal o que somos? o que sou?

domingo, 7 de março de 2010

escondido,perdido sem ser encontrado...
sem força para lutar, perdendo a vontade para continuar...
cansado de olhar o céu e só nuvens cinzentas surgirem no meu olhar...

desapontado, triste, deixando a inercia tomar conta de mim
a barba crescida reflecte o desleixo, a roupa estragada o desinteresse, o sorriso que já não brilha é a pedra que encerra o túmulo...

escondido, escondido em fantasias, em historias, em sonhos...
escondido a sorrir sem que mais ninguém consiga ver...
uma capa negra que encerra o que se calhar verdadeiramente somos, que já ninguém olha porque se fartaram de questionar... por já não acreditarem

e quando um leve brilho volta a despontar no meu olhar... ou não reparam ou não compreendem...
apesar de monstro, demónio, de louco poder ser... até o mais feroz e agressivo dos animais "sente", chora, precisa...
 

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