"espero que continues a tornar-te a melhor pessoa que pretendes ser"

"não és aquilo que mostras... porque não mostras aquilo que és?"

"temos de ser serenos, mostrar aquilo por que nos cultivamos, dar o exemplo..."

frases que ecoam... frases que me dizem... frases que ouço...

tenho o meu fato, a minha camisa branca, gravata... sereno e normal, mas ao olhar o espelho vejo-o... ele está ali e nunca partiu, apenas se deixou estar na penumbra... todo vestido de preto, cabelo com gel e barba aparada, olhos vermelhos e sorriso demonico... alguem com uma vontade de gozar, usar, magoar, controlar e fazer sofrer... ele está sempre presente, ele é parte de um todo...

ao olhar o espelho tento despir-me... tiro o casaco do fato, cai o casaco de negro cabedal... tiro a camisa branca, rasga-se a tshirt preta... tiro as calças e despem-se as calças de ganga...

estou parado a olhar o espelho...são as mesmas marcas, as mesmas tatuagens, os mesmos cortes...

esfrego os braços e vejo a tinta, no espelho, a escorrer-me pelos braços até às mãos... é sangue que pinga para o chão...

é o sangue que utilizo para esquecer amores, para não pensar em ódios, para me controlar quando toco notas ou puxo cordas... é o sangue que me faz esquecer...

é o sangue que me impede de escrever...

mais uma manhã... quem és tu que todos vêem?