Era de noite... já tinha jantado, e encontrava-me em frente ao computador tentando apagar a solidão que me assolava...
Porque estava eu em casa? "Equipei-me" e saí...
Fui até a um bar que me trazia algumas recordações, sentei-me no meu habitual canto escuro e pedi o meu whisky... Envolvido pela musica, navegava nas estrelas como um surfista prateado em busca do seu planeta...
De repente, ouço um boa noite... ali estava ela... Seus olhos perfurantes, seus cabelos negros molhados pela chuva sobre seu rosto, suas sinuosas curvas que levariam o mais são dos sãos à loucura e o mais cego à luz...
Pediu para a meu lado se sentar... a casa estava vazia e ela queria ficar naquele sofá junto a mim?!?!
Bebi mais um golo... e cheguei-me para o lado...
O seu vicio era como o meu...whisky, apesar de marca diferente...
Cigarro para aqui, copo para ali, e a única coisa que se ouvia era a musica de fundo, e às vezes uma alma perdida que ia até ao piano e divagava umas notas de algum tema marcante...
Olhares mais profundos se cruzaram... o cheiro do seu perfume substituiu o efeito que o álcool estava a ter em mim, e sem me aperceber meus dedos já percorriam os seus cabelos negros e meu rosto tocava o seu...
Do nada, nossos lábios se uniram e nossas línguas se entrelaçaram... seus lábios doces e húmidos me levavam à loucura e sua língua me fazia voar... Senti meu rosto a ficar húmido, lágrimas escorriam sem saber o seu porquê...
Saímos...ela morava perto, e no meu carro eu já não sentia confiança para entrar...
Ao entrar em sua casa, fui assolado por medos, medos do que podia fazer ou do que podia sofrer, medos de mais erros vir a cometer... mas o frio negro das paredes fazia unir-nos mais ainda...
Cheguei a uma sala que apenas tinha um tapete no chão...
Sentia o seu corpo encostado ao meu, enquanto beijava o seu pescoço e subia as minhas mãos pelas suas coxas, fazendo aumentar a intensidade da sua respiração, que já se confundia com o bater do meu coração...
Ao subir a sua camisola, expondo-a ao frio das paredes, comecei a desnudar um corpo de desejo, prazer e dor.
Sua pele suave como veludo, o seu cheiro, arrepios a cada toque dos meus dedos, a cada toque dos meus lábios... o desejo e a paixão tomava conta de nós. Arrancou a minha camisa deixando exposto tatuagens e marcas da vida...
marcas que outras deixaram...
Beijei novamente o seu pescoço, descendo pelas suas costas, enquanto tocava seus seios de verdadeira mulher, fazendo surgir as primeiras palavras entre nós, profundos gemidos de prazer...
Ao chegar à sua saia, suavemente desci o fecho mostrando umas ancas para agarrar, e algo mais ainda para possuir...
Afastei-me... dores tomaram conta de mim...
Vejo seu olhar receoso... uma mulher apenas de lingerie numa casa escura, vendo um homem contorcido e transformando-se...
A medo ela se aproximou... mais lágrimas, ainda não sei o que significam...
Ao chegar a mim ela despe-me totalmente, e aí, se palavras já não existiam, então desejos passaram a actos... Demónios de promiscuidade tomaram conta de nós, e uma cegueira de desejo, loucura e paixão guiaram os nossos corpos para uma noite de prazer, de loucura, de arrependimento
Acordo no mesmo tapete...vejo a dia a começar nascer... teria sido um sonho?
Sinto dores e sinto minhas costas molhadas... sangue, se foi sonho foi muito real, pois tenho as marcas das suas unhas... Olho para lado...não foi um sonho...
Deixo-lhe um beijo no rosto...
Voltarei a vê-la, sei onde ela está, onde ela passeia...
Se ela irá ver-me? Irei passar novamente ao seu lado, sentar-me no mesmo bar... mas não me irá reconhecer, será apenas um sensação de deja vu... talvez o aroma do meu copo de whisky lhe desperta uma cegueira de desejos e se lembre dos lábios que no silencio da noite falaram com mais profundidade que as palavras de qualquer poeta...